Rodantha – Olhos de Esmeralda

Rodantha é uma górgona de linhagem nobre, filha de um casamento arranjado de pais que nunca se amaram de verdade. Sua mãe uma humana, filha de um guerreiro nobre vindo do insular e montanhoso Menko, seu pai um górgona como Rodantha, um barão tentando entrar para o conselho da cidade-estado de Cirana. Sua pele escamada é clara e amarelada e seus “cabelos” são serpentes venenosas são verdes, assim como seus olhos de pupilas estreitas e verticais, capazes de paralisar outras criaturas. Amaldiçoada ou abençoada pela demonesa Utag’Jil, criadora das górgonas. Infelizmente para a menina com olhos e serpentes cor de esmeralda, as cortes do Império Argênteo eram cruéis em suas disputas de poder e manipulações. Através de anos de esquemas e corrupção, o nome dos O’ Mera foi jogado na decadência e toda sua riqueza perdida em tentativas fúteis de recuperar o poder. Brigas eram constantes na casa e Rodantha passou a viver com seu avô, que a treinou e ensinou as filosofias que foram ensinadas a ele mesmo até que ele faleceu pela idade e Rodantha decidiu fazer seu próprio caminho, ainda adolescente.

Mas Rodantha não deu muito ouvidos ao que seu avô lhe ensinou além de usar armas, palavras e atos para alcançar seus objetivos. Essa não é a história sobre heróis. Esta é uma historia sobre prata, gemas e traições…

“Como você se chama garota?”

Perguntou o sátiro loiro com chifres e orelhas enfeitados com adereços de prata. Um homem de 30 ou 40 anos, barba mau feita, camisa roxa meio aberta mostrando o peitoral muscular e uma calça cinza escuro de cintura alta. Ele estava sentado em frente a uma mesa de madeira com dois homens armados em pé, um humano e um elfo da floresta, dentro de uma taverna onde outros estavam bebendo e se divertindo, provavelmente por serem aliados daquele homem e não ter com o que se preocupar.

“Rodantha O’ Mera. E eu não sou só uma garota.”

Rodantha já tinha um corpo muscular em seus 16 anos, treinado para ser ágil e forte. Bela e mortal. Já sabia que era ambos garota e garoto nesta época e suas roupas refletiam isso, roupas comuns entre nobres vampiros e piratas que queriam aparecer para interesses amorosos no porto, compostos por uma camisa branca, uma calça preta de cintura alta e botas. Em sua cintura, uma foice originalmente feita para cortar vegetais no jardim de seu falecido avô.

“E o que você tem a me oferecer? Pelo seu sotaque você é do norte, não é? Tu é jovem demais para servir como um rosto bonito e nós temos braços mais fortes por aqui.”

O górgon levou sua mão a cintura, os guardas estavam prontos para atirar se necessário, mas Rodantha jogou uma bolsa de moedas na mesa, deixando as peças de prata estampadas com o rosto do imperador imortal Élrik caírem e rolarem até o sátiro parar uma delas com o dedo.

“Oh… E o que uma princezinha rica como você está fazendo em um lugar como essa espelunca? Perdão, devo chamar você de princezinha rica ou principezinho rico?” “Ambos está bom. Eu quero armas. E trabalho. Eu posso fazer muito mais prata com algo melhor do que essa foice.” “Que tal se me mostrar então?”

Quando o sátiro notou a jovem já estava com a mão em seu pescoço. Ele cometeu o erro de olhar nos olhos dela desprotegido. Rodantha pegou sua foice e puxou o sátiro pelo pescoço rapidamente para o usar de escudo quando um dos capangas atirou com a pistola. Outro atirou por trás, mas as serpentes de Rodantha viram, dando a ele a chance de desviar do tiro. Logo em seguida ela correu usando o sátiro ainda paralisado de escudo para cima do guarda a direita e cortou seu pescoço com a foice fazendo sangrar.

O taverneiro gritou surpreso, as pessoas ao redor estavam assustadas, tudo aconteceu muito rápido, em menos de 30 segundos tudo havia se tornado um caos. O outro guarda não sabia o que fazer, não sabia nem se seu chefe estava vivo ainda. Ainda assim, ele não poderia deixar ela fugir e se fosse o ultimo sobrevivente desse conflito poderia usar isso para ganhar reputação e respeito. O bandido atirou, mas o gorgon jogou seu refém na frente ao mesmo tempo, assustando o fora-da-lei e fazendo ele atirar para baixo, atingindo Rodantha na perna. Ele caiu sentindo dor, já leu ouviu falar, pensava estar preparada, mas não esperava que fosse tão quente e doloroso na prática. O humano preparou sua arma de fogo para finalizar a gorgona, mas o sátiro ainda vivo juntou forças e levantou o braço para abaixar a arma dele.

“De repente surgiu uma vaga de guarda-costas não é mesmo? Parabéns princesa, tá contratado.” “O que?! Porra! Ela matou o Denny!”

O sátiro ainda no chão atirou e atingiu a cabeça do humano.

“Duas vagas agora.”

Ele levantou sentindo dor, porém mais acostumado e mais bem preparado que a jovem, então ofereceu a mão para ajudar ela.

“Leonardo Virantes, muito prazer. Como deve ter visto, eu só tenho uma regra na minha gangue: Não me desobedeça.”

Rodantha olhou para o humano morto pelo tiro de seu antigo chefe, ela estava com dor demais para responder verbalmente, então apenas confirmou com a cabeça.

“Ótimo! E uma dica:”

O sátiro abriu mais a camisa mostrando que estava usando uma armadura de couro batido com placas de metal no peito e costas por baixo das roupas.

“Sempre use uma proteção por baixo da roupa.”

Após conseguir juntar forças, Rodantha sorriu para o seu novo chefe de gangue e olhou nos olhos dele novamente, mas dessa vez sem intenção de utilizar sua habilidade.

“Valeu chefe.”

“Ah! Mais uma coisinha. Princesa ou Príncipe não dá certo para você. Que tal se a gente te chamar Esmeralda? Como os olhos sabe?”

O sátiro riu alto e então bateu nas costas de Rodantha.

“Muito bem, Rodantha Olhos de Esmeralda. Eu gosto disso! Bem vindo aos Grutos!”

“Olhos de Esmeralda” ou apenas “Esmeralda”. Era assim que a jovem Rodantha O’ Mera ficou conhecida nesta época de sua vida. Mas aquele guarda-costas não foi o primeiro nem o ultimo que matou e esta era apenas o começo de sua carreira como capanga da gangue dos Grutos.

Continua em “Rodantha – Negociante da Morte

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