Rodantha – A Górgona Que Jamais Cai

Semanas se passaram sem maiores incidentes para Rodantha e os Grutos desde aquele dia em que teve contato com algo exterior. Rodantha participou de tarefas com outros membros da gangue, mas lentamente formou uma amizade com Turi, Shandor e principalmente Loba. Os três se tornaram praticamente seus mentores e Leo parecia gostar disso, então incentivou os quatro a agirem juntos mais vezes.


Certa noite, após mais uma tarefa bem concluída, estavam todos reunidos na taverna novamente, celebrando como amigos de longa data. Rodantha pediu um copo de cerveja, mas Turi pegou o copo dela e entornou tudo na própria boca, pedindo um suco de frutas para a górgona logo em seguida.

“Turi, por que você ainda não me deixa em paz?”
“Cê ainda é novo demais pra isso.”
“E que diferença faz daqui a dois anos?”
“Você já não vai ser novo demais.”
“…Maldito velho esperto.”

Shandor estava numa mesa mais afastada do resto contando uma história para uma vampira que estava com a cabeça deitada em seu colo enquanto fazia carinho nos cabelos de ume goblin com undercut tingido de branco, cinza e rosa que estava com a cabeça deitada sobre seu ombro enquanto o próprio bardo estava sentado sobre o colo de um humano de pele preta e grandes cabelos crespos que trançava o cabelo do hakin.

“…Então Dantha olhou para eles deixando paralisados, abrindo a janela de oportunidade que eu precisava para golpear com lâmina e… Bam! Bem no coração! Assim vocês três fizeram com o meu.”

Loba estava ganhando algumas moedas apostando contra pessoas que tentavam vencer dela na queda de braço e falhavam miseravelmente.

“Haha! Próximo!”

Durante os momentos de violência e horror, eram esses momentos de paz e diversão que faziam todos ali não desistirem. Mesmo nesse antro de criminosos, isso era um grande reflexo da cultura desse mundo. Araddun é um mundo sombrio e perigoso, mas ainda assim, é um mundo feliz e colorido. Existe uma cultura de encarar o perigo e se aventurar que permeia todas as sociedades deste mundo. E existem pessoas como aventureiros e caçadores de monstros que lutam para manter essa paz para aqueles que não podem ou não querem enfrentar os perigos e medos.

A noite se encerrou em tranquilidade e festa. Rodantha foi o primeiro a ir pra casa, logo em seguida foi Shandor, que foi carregado pelo guerreiro humano enquanto a vampira carregava a goblin. Loba e Turi ficaram a sós com Leo após a taverna fechar.

“Então. Como elu tem se saído?”
“Bem. Bem até demais. Rodantha é… No mínimo cruel eu diria. Ela mudou desde daquele dia…”

Loba balançou a cabeça negativamente.

“Eu não sei porque me preocupo tanto com ela. Talvez eu esteja ficando velha.”

O sátiro sacou um baralho, não muito diferente daquele que algumas pessoas do bar estavam usando mais cedo exceto pelo estilo da arte e por só ter um terço do tamanho.

“Vocês conhecem Hadaoki?”

Ambos confirmaram com a cabeça. Era um jogo popular nessa região portuária e Shandor sabia usar para ler a sorte como aprendeu com os membros mais velhos do seu clã.

“Na verdade, eu também cresci num clã de hakins. Sou um dos muitos órfãos da guerra. Vítima da disputa política de líderes mesquinhos. Eles me ensinaram a ler o passado, o presente e o futuro.”

Ele falava enquanto embaralhava as vinte cartas, então dispondo três cartas sobre a mesa.

“Loba, você não sabe mesmo por que se preocupa tanto? Logo você?”

Ele revelou a primeira carta, com a ilustração de uma mulher hakin encapuzada, sozinha no meio da neve e com uma espada longa na mão. No fundo da carta estava escrito “I – Ordem”.

“Entendo… Um passado solitário. Mas logo em seguida ela…”

O sátiro revelou a segunda carta. Na carta estava ilustrado três figuras levantando suas canecas sobre a mesa, um orc, uma humana e ume hakin. Os três parecem felizes juntos e no fundo da carta estava escrito “III – Grupo”.

“…conseguiu alguns amigos. E isso vai nos levar a…”

Por fim a última carta foi revelada, fazendo Leo parar em um silêncio surpreso e olhar novamente para a primeira. A carta mostrava uma espiral de pegadas começando do centro e indo até a imagem da mesma hakin da primeira carta no topo. A direita havia a silhueta de quatro pessoas, abaixo três e na esquerda apenas duas.

“…ao ciclo sem fim e inevitável.”

Ele olhou nos olhos da dupla de brutamontes.

“Vocês vão morrer.”


……

………


“HAHAHAHAHAHAHA!”

Após o longo silêncio o loiro riu na cara dos dois guardando as cartas. Então incentivou os dois a rirem também, que riram com alguma desconfiança e nervosismo evidente.

“Estão dispensados. Vão pra casa.”

Eles obedeceram. Ambos sabem que seu chefe é uma pessoa perturbada, mas também é estupidamente inteligente e está sempre dois ou três passos a frente quando pensam em fazer algo contra ele. Com uma exceção. Rodantha foi capaz de pegar Leo de surpresa no dia que se juntou aos Grutos. Havia esperança. Alguma esperança. Uma mísera e frágil faísca de esperança. Mesmo sem trocar palavras sobre isso, ambos decidiram agarrar essas faísca e torná-la em uma chama.

Enquanto isso, em sua própria casa, a faísca de esperança estava brincando com o mesmo tipo de carta, com sete cartas na mão, um baralho no meio da mesa ao lado de uma carta com a figura de sete divindades e sete outras cartas dispostas na frente cada uma das três bonecas sentadas na mesa como jogadoras. Todas três pareciam meninas de pele escura, a primeira de bochechas rosas, uniforme acadêmico e cabelo amarrado, a segunda, tinha marcas sob os olhos como os elfos pálidos e era mais alta que as outras e a última tinha cabelos rebeldes, ombros largos e um olhar ousado. Rodantha olhou sua mão. Uma sequência de duas “I – Ordem”, três “IV – Elementos”, uma “III – Grupo” e uma “XVIII – Patrono”. Ela passou uma Grupo para boneca mais alta recebendo outra “Ordem” e aleatoriamente decidiu como elas jogariam sem olhar as cartas. Rodantha então “revelou” sua mão e viu as outras. A primeira boneca tinha três pares de duas cópias da mesma carta, a segunda uma sequência de três e a última quase conseguiu uma sequência de sete, mas acabou não formando nada.

“Parece que venci meninas.”

Rodantha se encostou na cadeira e suspirou largando as cartas.

“Eu queria que falar com as pessoas fosse tão fácil quanto ameaçar elas.”


Após se entediar, recolheu as cartas e guardou em uma caixa de madeira, logo em seguida guardando as bonecas de pano em seu quarto junto com as outras três menores, uma também imitando uma menina negra, de cabelo preto e branco e mais encorpada que as outras, uma avermelhada com uma mexa loira e uma jóia no rosto e uma pálida como os elfos que governam o mundo e costuras nas bochechas. Algumas das serpentes em sua cabeça tocaram as bonecas como se dessem beijinhos no rosto antes dela se retirar para cama. Rodantha pegou o machado ao lado da cama e se deitou armada para o caso de alguém, material ou etéreo, invadir seu quarto novamente. 

Mesmo que o começo de sua saga tenha sido tão intenso, o suficiente para a fazer querer desistir, para considerar-se incapaz, Rodantha não desistiu e conseguiu fazer seu melhor. Embora, bem, nesse caso significa que ele se tornou um dos melhores matadores da gangue de rufiões desta parte da cidade-estado e ainda mais paranoico… Mas o que importa é a mensagem!

A Nova Era

Então, como eu tô finalmente fazendo o que já deveria ter feito a muito tempo que era acabar com tudo e recomeçar com mais organização e planejamento, eu também estabeleci uma ordem que vou seguir dos principais livros que se conectam de alguma forma que vão formar o cânone da Nova Era do Maggieverso.

Todos os livros e contos publicados antes da publicação de Sombras de Araddun no wattpad (incluindo a versão antiga de SdA que publiquei aqui no blog) passam a ser parte do Legado, o antigo cânone que era feito, perdõe o linguajar, a moda caralha.

A Nova Era seguirá a seguinte ordem de publicação começando já nos dois livros sendo publicados semanalmente agora:

Sombras de Araddun (Volume I) & Monster World: Beyond Horizon (Remake de Monster World)

Renascida: Outra Light Novel Com Nome Grande (Remake de Outra Light Novel Com Nome Grande) & Sombras de Araddun (Volume II)

Ocasionalmente também vou publicar as seguintes obras:

O Caçador de Monstros

Rodantha: Uma Saga de Ladrões & Serpentes

A Beligerante

Rinha de Waifu

Lord of the Edge