Estagiária de Lich

“5 minutos… Eu te deixei sozinha por 5 minutos e você explodiu meu laboratório!”
“Mas…!”
“Não, sem essa. Você vai para Naestria aprender com a Verata para poder me auxiliar melhor.”

Minha nova assistente e aprendiz tem me surpreendido de muitas formas. Esteticamente, é um dos meus melhores trabalhos e agradou as pessoas que a viram, mas em termos de segurança… Ela é um tanto curiosa e imprudente, o que acarretou na completa destruição do meu laboratório necromantico.

“Foi tudo culpa do homunculo!”
“Blot, o que você tem a dizer sobre isso?”

O pequeno humanoide sai do buraco de onde estava escondido. Ele também era para ser meu aprendiz originalmente, mas o cérebro dos homunculos é limitado. Seu nível de inteligência não ultrapassa o de um goblin ou uma criança, apesar de todo conhecimento que passei.

“Foi culpa dela!”
“Willa Hertha, você está mentindo pra mim?”
“…Não!”

É difícil dizer quando um morto-vivo mente porque seus corações, quando tem um, não batem e/ou eles não tem instinto de sobrevivência, então seus olhos não buscam rotas de fuga. No caso dela não é diferente, mas o homunculo é ingênuo demais para mentir.

“Blot! Você tava fazendo coisas escondidas também!”
“Não escuta ela mestre! Zumbi mentirosa!”
“É mesmo, é?”

Eu utilizo magia mental para ver as memórias do Blot, vejo ele brincando com partes de outros homunculos quebrados. Vejo ele falando consigo mesmo enquanto costurava recolhia as partes e um enfeite de mesa molhado com mesmo fluido que corre nas veias dele e da Willa Hertha.

“Blot dá vida. Blot tira. Blot deus… Até mestre voltar.”

Desfaço o feitiço de ler mentes.

“Oh, então isso que aconteceu com as partes sobressalentes e meu enfeite.”

Eu abro o portal para a cidade movimentada, porém segura do mundo Lenya e jogo Blot para lá. Ele vai ficar totalmente perdido por um tempo, não é um grande delito se ele estava fazendo o que eu ensinei, porém foi sem minha permissão e com um perigoso complexo de divindade. Reconheço, eu já tive essa fase de complexo de divindade também, mas sou mais humilde e maduro agora.
Mas agora…

“Willa Hertha.”
“E-Eu!”

Ela deve ficar assustada comigo chamando pelo nome completo, mas é só porque eu gosto desse nome. Devo agradecer as pessoas que me ajudaram a escolher depois.

“Você vai ficar sob a tutoria de outra lich enquanto eu trago alguns braços fortes para reconstruir esse lugar e recolho mais material para pesquisa e experimentos.”
“C-Certo! Mas quem é?”
“Verata Yistora, a Rainha de Bhalzarfia.”
“Eh?! Mas você disse pra não mexer com ela!”
“Exatamente. Agora pegue seu melhor vestido enquanto eu preparo uma mensageiro para ela.”

Ela vai para o que sobrou do quarto dela enquanto eu recolhi algumas partes não queimadas para construir um mensageiro. Ok, tenho um crânio de alguma coisa pequena, braço e meio tórax de um goblin e um corpo quase completo de um diabrete. Procuro mais um pouco e encontro uma cápsula metálica onde guardo culturas de células, então pego uma sepa de células neurológicas e utilizo biomancia e cronomancia para fazer crescer até um tamanho aceitável e então abro o crânio com osteomancia, coloco o cérebro artificial lá dentro e fecho com a mesma magia. Corto as partes de cadáveres para se encaixarem como dá, uso a pele sobressalente para cobrir o crânio e costuro tudo. Aplico minha magia mental para programar o cérebro artifical, então magia de morte e por fim necromancia para reanimar sob meu controle.
Não é meu melhor trabalho, mas provavelmente Verata vai destruir isso de qualquer forma.

Abro o portal e sigo para meu estoque de itens com o diabrete zumbi e procuro por uma varinha de mensageiro, que me permite gravar a mensagem magicamente. Eu gostaria de poder só ligar ou mandar uma mensagem de texto, mas existem regras sobre interfirir no desenvolvimento tecnológico dos planetas e eu não quero irritar as entidades cósmicas ou alguma federação galática de novo.
Começo a gravação colocando um pouco de mana na bola de cristal da ponta, dito a mensagem toda e encerro drenando de volta o mana do objeto.

Entrego o bastão ao diabrete, mas ele não segura e deixa a varinha cair no chão. Implanto memórias sobre como segurar objetos, pego no chão para entrega de novamente e agora sim ele segura. Em seguida, seguimos pelo portal para frente da porta da Willa Hertha, apesar de que todo resto da parede foi destruído e eu posso ver claramente ela enrolando para se trocar deitada na cama.
Bato na porta com força para assustar, ela se vira e me vê, então dá um grito de susto.

“Eu poderia refazer você, se preferir.”

Ela corre para pegar um vestido e eu me viro por educação, algum tempo depois ela sai do quarto pelo lado da porta.

“Otimo. Você vai passar um tempo com uma monarca, precisa se vestir a caráter.”
“Que monarca?”
“Verata Yistora, rainha de Bhalzarfia.”
“Tenho muitas perguntas agora.”
“Bhalzarfia fica em Naestria, um planeta bem interessante, seus braços vieram de lá.”

Ela olha as próprias mãos de forma curiosa, já contei que pertenceram a uma alquimista.
Seguimos através do portal para Bhalzarfia, um lugar onde a noite é eterna e a cidade é iluminada por poucas velas, pedras de mana e cogumelos e criaturas bioluminesencia.
Realmente aconchegante.

“Vou te deixar no castelo e voltar ao laboratório.”
“Hã? Não vai comigo?!”
“Não.”
“Por que?!”
“Quer mesmo ficar no meio de uma briga entre dois liches?”

Ela não responde, mas está com os olhos arregalados.

“Ela não me odeia, mas Verata não é muito paciente. Não se preocupe, você vai ficar bem.”
“Vou mesmo?”
“Claro, eu que te fiz.”

Caminhamos até o castelo da rainha Verata, aqui em Bhalzarfia não há olhares estranhos para um necromante morto-vivo e sua assistente zumbi, para falar a verdade caminhamos por vários magos vivos, mortos e aqueles que assim como nós não se limitam a estes dois estados como coisas separadas.

Chegamos. O castelo de Verata é opulente e glorioso em uma arquitetura de torres e vitrais que faz parecer uma catedral gótica, bem característica dos gostos da arquitetura que projetou. Mesmo que seja um mago morto-vivo, eu ainda sou um colecionador de histórias e contei tudo a Willa Hertha enquanto subimos as escadas que levam ao portão de entrada principal.

“Auto! Apresente-se ou serão eliminado.”
“Hebi Weiss, lich de Voltemor e colecionador e contador de histórias.”
“Willa Hertha, assistente e aprendiz de necromante e alquimista.”
“O que desejam?”
“Minha assistente irá doar seus serviços e aprender com a grande e nobre necromante que comanda este reino.”
“Agora fala isso em comum ou abissal ménestrel de merda.”
“Ela vai servir de aprendiza pra rainha.”
“Ah tá. A rainha ordenou que ninguém deve entrar no castelo entre 27 e 18 horas.”
“Esqueci de te contar, este mundo tem dias de 36 horas. O sol se põe às 27 e nasce as 9”
“Que horas são agora?”

Pego meu velho relógio de bolso naestriano e olho.

“32.”
“Bem, voltamos amanhã então.”
“Não, eu volto amanhã. Você fica aqui esperando.”
“Eh?! Não é justo!”
“Eu preciso reconstruir muita coisa lá em Voltemor, além disso passarei um tempinho com minha namorada em Feytaria.”
“O que eu faço enquanto espero?”
“De preferência, nada. Mas já que sou um cara legal…”

Desenho no ar evocando um servo astral e ordeno que ele comprima o tempo para Willa Hertha até que a rainha possa atendê-la.

“Fica conversando com o diabrete se quiser, pode me xingar à vontade, ele vai ouvir tudo.”

Eu uso meu anel para abrir um portal através de uma das estátuas que decoram os arredores do castelo e fico observando ela, se precisar eu vou interferir.

O tempo passou rápido graças ao servo astral, fiquei escrevendo e ouvindo Willa me xingar por deixar ela ali e por não ter terminado as histórias favoritas dela. Felizmente nós não precisamos dormir. Os vivos sempre dizem que os mortos devem descansar, mas como necromante eu sempre pensei o oposto. Fiquei entediado após acabar de escrever e dei uma volta pelo multiverso voltando aqui entre um mundo e outro para ficar de olho em Willa.
Antes das 10 horas já havia uma fila atrás de Willa esperando para falar com a rainha Verata, então ela teve com quem conversar até as 18 horas quando os portões se abriram e a rainha lich apareceu para o público.

Alguns veneram, outros pareciam descontentes, ela prontamente lançou um [ Desintegrar ] naquele que falou mau dela. Idiota, esqueceu que ela ainda tem orelhas de elfo?

“Você. Não fica aí parada, diga logo o que você quer!”

Mau humorada como sempre.

“Eu… É…”

Secretamente lanço meu feitiço no bastão que o diabrete zumbi segura e a mensagem tocou:

“Esta é minha nova assistente, o nome dela é Willa Hertha. Eu não consegui decidir entre Willa e Hertha. Ela vai ficar com você para aprender mais sobre como não explodir o laboratório de um lich. Você pode destruir este mensageiro se você está com raiva. Obrigado Verata.”

E então Verata lançou um raio da morte em ambos os zumbis, a garota e o diabinho, mas a garota permaneceu intacta. A rainha lich sorriu, interessada no que eu fiz…

Naestria – Bufão

Em uma Taverna de Vesta, uma cidade-estado do Império de Kavicta, os aventureiros, viajantes e moradores da cidade estão reunidos para ver o show do bufão que chegou a alguns dias nas cidade. O palhaço viajante chamou a atenção desde que chegara, uma figura estranhamente bela com um visual comico e colorido caminhando a passos largos com um alaúde quebrado, que logo seguiu para o templo mais próximo por algum motivo antes de se alojar em um dos quartos no andar de cima da taverna mais badalada da cidade.

O bufão começou seu show com malabarismos e magia, transformando os objetos no meio do ar, de elementos como esferas de fogo e água até animais e pequenos diabretes que vibram ao serem jogados e reclamam ao cair. O público se diverte vendo o bufão, que continuou o show se pendurando no candelabro da taverna e cantando uma música zombando das pessoas e de si mesmo enquanto finge que toca seu alaúde quebrado.

Ele terminou pulando do candelabro, girando três vezes no ar até cair de pé sobre uma mesa, mas a mesa quebrou no meio fazendo ele cair de pernas abertas sobre a madeira central que sustentava a mesa e soltou um grunhido fino e primitivo que por um efeito psicológico quase dois terços das pessoas puderam sentir e fizeram caretas de dor antes de rir. Até o dono da taverna riu sem se preocupar com o prejuízo.

Outros músicos e artistas se apresentaram após o bufão, o povo estava empolgado com a aura de festividade que ele gerou.
E após um descanso e algumas bebidas, ele subiu no balcão de madeira da taverna e começou outro show com duas palmas para chamar a atenção das pessoas.

“Ei, vocês já ouviram uma boa piada vinda dos svartálfar?”

Todos ficam em silêncio, alguns até desconfortáveis porque já conhecem o humor mórbido dos elfos das profundezas.

“Pois é, nem eu.”

E o público ri, com exceção de um ou outro aventureiro svartálf. Então o bufão continuou.

“E os draconianos então? Tão orgulhosos do sangue de dragão, mas se comerem ensopado de bahamut com batatas…”

O bufão faz uma careta como se sentisse um cheiro ruim. E o povo ri.

“Dica: Não fiquem atrás deles. O fogo sai por lá também.”

Os mais jovens riem mais do que os outros, um guerreiro humano provoca seu amigo draconiano com uma leve cotovelada e risos.

“Relaxa, eu sei como é isso. É só eu comer qualquer coisa cozida pelos Garos.”

As orelhas de um grupo de garo mudam de posição, estão atentos e ofendidos.

“Fala sério, eu não daria aquilo nem para o meu cachorro. E olha que eles são tipo cachorros!”

O trio se levanta com espadas em mãos, mas um meio-orc se levanta também e os para com seu braço desproporcionalmente grande. Uma encarada do gigante com presas salientes para para os lobisomens recuarem com o rabo entre as pernas.

“Eu tinha uma piada sobre orcs, mas esqueci ela.”
“Vá em frente! Eu não me importo com o lado podre do meu sangue.”
“Nossa, que dramático… Ei, vocês já notaram que todos aventureiros tem algum passado dramático?”

As pessoas se entreolham pensando nisso.

“Caramba! Parece até que o pré-requisito pra isso é não ter pais. Você vai entrar numa guilda e tá lá pra você marcar: Seus pais mortos? Checado. Busca vingança? Checado. Renascido de outro mundo? Checado.”
“Mas acho que a maior figura de todas são os reis. Nossa, como eles se acham!”

O povo fica ainda mais atento quando o bufão começa a falar sobre os nobres dessa maneira, algo que só estes comediantes podem fazer publicamente.

“O Imperador daqui parece um cara muito legal, mas eu acho que ele pensa que é o próprio Hodrion. Fica todo ‘Eu sou o rei da luz’ e querendo tomar tudo pra ele.”

Um paladino do deus do Sol e leal ao Império Kavicta se levantou apontando.

“Cuidado com o que fala!”
“Eu posso falar o que eu quiser!”

O bufão mostrou a língua fazendo uma careta digna de uma criança.

“Inclusive não tenho medo de falar nem da Verata. Verinha para os íntimos, né vampiros?”

Os vampiros escondidos ali desviam o olhar, a rainha lich é uma vergonha para linhagem Edel pois ela enganou eles mais de uma vez.

“Eu não posso nem contar as coisas que ela e Eleanor fizeram! Uma vez elas até deceparam a mão de um cara e…”
“Para por aí! E é Rainha Eleanor, palhaço!”
“Tá. Rainha Eleanor palhaço.”

O servo morto-vivo do vampiro coloca a mão no ombro do amigo.

“Nem tenta, é um bufão. E também, você sabe que é verdade.”
“Eu sei! Mas como ele sabe?! A Verata espalhou?”
“Nem, eu tava lá também. Eu sempre estava. Até cair.”

O bufão faz uma careta enburrado e cruza os braços, então dá um sorriso perverso.

“Sabe o que eu acho mais engraçado? Ter tantas religiões pra tão poucos deuses. Eu até entendo humanos preferirem Hodrion e anões gostarem do Borgeno, mas pra que fazer um monte de religiões com eles mais um ou dois e ignorar todo resto?”

O povo não entende bem o que o bufão quer dizer.

“Mas pelo menos não somos aqueles caras do sei lá o que do destino né?

Algumas pessoas riem, outras não riem por respeito e uma  elfa clériga se levanta, pelas roupas dela é notável que pertence a religião do Destino.

“Isso é ultraje! Nossa fé é verdadeira! Se você abrir seus olhos para verdade verá a mão divina dos Mestres do Destino agindo sobre nós!”
“Olha moça, sem ofensas, mas vou direto ao ponto: teu deus não existe.”
“O que?!”
“Ei ei vai com calma, minha sobrinha também acredita nisso então respeita ok?”
“Com todo respeito ‘seu Taverna’, eu conheço os deuses melhor do que vocês. “
“E como um palhaço como você sabe mais  do que uma fiel serva dos Mestres do Destino como eu?”

O palhaço então riu de forma debochada e levou a mão ao rosto, ele retirou sua face como se fosse uma máscara de plástico que então se transformou em borboletas brilhantes e coloridas que voaram para longe de sua mão. Todos que viram seu rosto então começaram a rir e festejar sem saber porque, riram até chorar e então começaram a perder o ar e então se desesperam, mas não conseguiram parar de rir e dançar em uma histeria coletiva que rapidamente se espalhou pela cidade até que as pessoas começaram a desmaiar de exaustão ou falta de ar e ela partiu da cidade caminhando com seu alaúde quebrado nas costas.
O bufão não era um simples mortal, nem era um demônio ou espírito travesso. Ele era a deusa das festas, travessuras e alegria em forma humana, era Tolbara das Mil Personas. Ela continua vagando eternamente por Naestria e não permitida de retornar a Hevensgoll, o lar dos deuses até que sua maldição seja quebrada e o sua arma divina retorne ao estado original.

OLNCNG Capítulo 55 – Saindo De Um Embate Para Outro

O vampiro feioso treme de medo, eu continuo a interrogar ele.

“Por que vocês obedecem Alice se ela não é vampira?”
“Eu não sei! Isso é coisa dos Edel! Pode ser tudo uma piada da própria matriarca deles!”

Ele não vai dizer, mas se pergunta pro Análise, posso usar o nome dela.
Análise, quem é a matriarca dos Edel?
[ Resposta: Eleanor Von Edelstein. ]

“E por que Lady Eleanor iria fazer isso?”

Ele fez uma expressão surpresa quando citei o nome dela.
Haha! Meu plano funcionou! Obrigado Análise!

“Eu… Eu juro que não sei!”

Encosto o espinho no peito dele como uma estaca.

“Não sabe ou não quer falar?”
“E-Eu realmente não sei! Eu juro em nome do patriarca!”

O rei intervém colocando a mão no meu ombro.

“Já basta. Colocaremos ele em uma cela e meus comandantes farão o interrogatório formalmente.”
“O mesmo comandante que queria matar primeiro e perguntar depois?”

O rei fica em silêncio reconhecendo o erro do seu subordinado e então caminha para janela para olhar o leviatã nadando no mar ao redor da cidade.

“Senhorita Hiska, nosso pequeno reino precisa de sua ajuda. Se seu plano funcionar receberá um título de nobreza e auxílio financeiro em qualquer empreendimento que vise nosso benefício mútuo.”
“Eu aceito as condições, mas preciso daquela idiota comigo. Infelizmente.”

Ainda não tirei os olhos e o espinho do vampiro, algo me diz que ele vai desaparecer assim que eu parar de olhar.

“Liberte meu comandante e pedirei a sir Lakoy que se retire e traga lady Alice junto com a chefe da guarda para levar nosso… ‘Outro’ convidado.”

O rei olhou com notável desgosto para o vampiro.

“E Sir Lakoy…”
“Vossa alteza?”
“Eu compreendo seu ódio, mas ordeno que prenda ele e não execute sem minha permissão.”
“Entendido.”

Ele olhou para o feioso com sangue nos olhos, mas logo abaixou a cabeça e aceitou as ordens, então eu desfaço minha magia e ele algema o vampiro com um olhar ameaçador, mostrando os dentes e abrindo as nadadeiras das costas o fazendo parecer maior. Noto que há símbolos gravados na algema então avaliei.
[ Algema de Prata. Encantamento Runico. ]
O que é encantamento runico?
[ Resposta: Um encantamento feito com runas. ]
Você evoluiu mesmo Análise?
[ Resposta: Sim. ]
Eu suspiro, quebro meu espinho e prendo no chão. Então encosto as costas na parede e olho para o rei.

“Obrigado por aceitar me ajudar vossa alteza.”
“Eu só espero que não seja tão cruel quanto seu pai.”
“Acho que puxei mais a minha mãe.”

Embora eu não conheci nenhum dos dois, eu pude ouvir a história toda graças a Tzu’ka.

Logo Alice aparece acompanhada de Goetia e dois vampiros, os dois vampiros esperam na porta enquanto elas duas entram.

“Perdão, mas quem é esta pequena donzela?”
“A princesa do clã.”
“E minha sobrinha.”

Alice se virou e percebeu eu aqui encostada na parede.

“Aff O que você quer Mag?”

Eu olho para o espinho ao meu lado, mas resisto as más tentações.

“Eu… É difícil admitir depois de tudo, mas eu preciso da sua ajuda.”
“Hahahahaha! Eu sabia que você voltaria rastejando para mim!”

Novamente… O espinho tá ali, atacar ela começa a parecer uma boa ideia.
Mas eu recuso.

“Eu vou fingir que não ouvi.”
“Por favor, vamos direto ao ponto. Deixem suas brigas pessoais fora deste castelo.”

Eu confirmo com a cabeça e Alice concorda a contragosto. Goetia notou as miniaturas e pela primeira vez vejo ela agir como uma criança normal e pegar uma por curiosidade.

“Você tem um plano ‘tia’?”

Ugh. Me sinto velha agora. Ela enfatizou o “tia” com tanto sarcasmo.
Em frente…

“Sim, eu tenho. É para isso que chamei você aqui Alice.”

Caminho até a mesa e coloco as peças de volta no lugar no tabuleiro utilizando um pouco de magia verde para as mover como movo vinhas e pedras.

“Alice, você tem um papel importante nesse plano então preste bem a atenção.”
“Quem botou você no comando?”
“Eu.”

O rei já impaciente abandonou as formalidades e respondeu a Alice dessa forma. Ela reconheceu o perigo e autoridade no olhar dele, então calou a boca.

“Em primeiro lugar, você consegue falar com a deusa do mar?”
“Eu duvido que ela vai te ajudar.”
“Eu sei, mas ela pode te ajudar e você me ajuda.”
“E se eu não quiser?”

Eu suspiro. Já chega disso.
Hora de bancar a Maggie malvada de novo.
Graças a minha agilidade maior que a dela facilmente pulo por cima da mesa a derrubando no chão com um espinho no pescoço dela.

“Eu posso achar outro oráculo.”
“Não tenho medo de você!”

Os dois vampiros inrompem a porta para proteger ela, mas eu crio muro de pedra no caminho.

“Vamos negociar agora ok?”
“Prefiro sair na porrada com você.”
“Beleza.”

Movo minha mão livre fazendo magia e isolo nós duas com um círculo de pedra. Eu já gastei muita mana hoje, mesmo me recuperando com o tempo tenho que tomar cuidado…

“Você tá de brincadeira? Eu tenho vampiros que TELEPORTAM!”
“Essa aqui é minha casa agora. Vampiros não entram onde não são convidados.”
“O que?!”

Isso é um mito, mas ela vai acreditar.

“Mas e se eu convidar eles então?”
“A casa é minha.”

Ela tá com muita raiva, não vai pensar direto. Bem… Ela nunca pensa direito.
Me levanto, rasgo o vestido e enfaixo as mãos.

“Vamos apostar. Você disse que prefere sair na porrada, então que assim seja.”
“Tá falando sério?”
“Sim. Sem Habilidades, poder de Asura ou magia. Mana a mana, aqui e agora. Se eu ganhar você me ajuda.”

Ela sorri confiante.

“E quando eu ganhar, você tá morta!”

Eu levanto meus punhos e ela também, fazendo como Zeff nos ensinou no treinamento.
Hora do nosso segundo round Alice!